Bijupirá
INTRODUÇÃO
O Bijupirá (Rachycentron canadum Linnaeus, 1766) é um peixe marinho cosmopolita, pelágico, migrador e que durante os períodos de desova (primavera e verão) utiliza costas e baías ao longo da zona tropical, subtropical e em águas temperadas com exceção aparente do Oceano Pacifico Oriental (BRIGGS, 1960).
Destaca-se no mundo pela facilidade de adaptação a desovas naturais, com altas taxas de fecundidade e um grande potencial zootécnico, podendo alcançar 5 - 6 kg no período de um ano em cultivos realizados em sistema de tanques redes no mar (ARNOLD et al., 2002; LIAO et al., 2004).
Esta espécie merece atenção especial para a fase de pós-larvas, fase esta considerada a mais critica do cultivo, pois depende do alimento exógeno vivo para sua nutrição, sendo os mais utilizados para este fim os rotíferos (Brachionus sp.) e o microcrustáceo (Artemia spp.) (HASSLER; RAINVILLE, 1975; FAULK; HOLT, 2003, 2005; FAULK et al., 2007a; BENETTI et al., 2008).
Com o avanço da tecnologia na alimentação das pós-larvas de peixes marinho, esta pode ser melhorada através da técnica de bioencapsulação (enriquecimento) do alimento vivo com dietas que atendam as exigências nutricionais, sendo esta técnica de fundamental importância para o sucesso da larvicultura (LAVENS; SORGELOOS, 1996; HOFF; SNELL, 1999).
Durante a fase de larvicultura de peixes carnívoros marinhos ocorre uma transição gradativa na alimentação, onde o rotífero é oferecido como primeiro alimento exógeno, sendo substituído gradualmente por náuplio de artêmia. Durante a transição do alimento vivo, as pós-larvas de peixes marinhos necessitam de dietas ricas em nutrientes essenciais, sendo necessária a técnica de enriquecimento utilizando-se a Artemia salina como veículo (MERCHIE, 1996).
Nas fases de náuplio e metanáuplio, o microcrustáceo Artemia spp. é um dos alimentos vivos mais utilizados na alimentação de peixes marinhos. Isto porque é de fácil obtenção através de cistos, é resistente a amplas faixas de parâmetros abióticos, à manipulação e a enfermidades, tem grande aceitabilidade, suporta altas densidades, são de fácil digestibilidade, um tamanho que varia de 400 a 600 micra e possuem uma movimentação ativa, ideal para estimular a captura pela pós-larva e se mantêm por um maior período de dias na alimentação, comparado com outros organismos como os rotíferos (LAVENS; SORGELOOS, 1996; HOFF; SNELL, 1999).
A Artemia sp. apresenta um valor nutricional baixo para as pós-larvas de peixes marinhos; oito horas após a eclosão, os náuplios entram na fase de metanáuplios, passando a se alimentar de pequenas partículas. Assim, para obteção de um valor nutricional ideal as artêmias utilizadas na alimentação inicial das pós-larvas de peixes marinhos, são submetidas ao processo de bioencapsulamento (enriquecimento) com nutrientes (LAVENS; SORGELOOS, 1996).
O bioencapsulamento da Artemia sp. tem como função principal incorporar ao metanáuplio quantidades específicas de nutrientes essenciais como aminoácidos, ácidos graxos essenciais, vitaminas, imunonutrientes e probióticos, e assim, serem indiretamente biodisponibilizados às pós-larvas de peixes como alimento.. O enriquecimento deve ser capaz de suprir as exigências nutricionais e microbiológicas da espécie de peixe em estudo, através da transferência bioquímica e microbiológica, fazendo com que o melhoramento tenha um impacto positivo na sobrevivência, crescimento e no desenvolvimento das pós-larvas de peixes marinhos em larvicultura (LAVENS; SORGELOOS, 1996; HOFF; SNELL, 1999).
Um dos aspectos mais importantes para o desenvolvimento das pós-larvas de peixe marinho diz respeito ao fornecimento de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI’s) incluindo o ácido araquidônico (ARA, C-22:4 ω-6), o ácido eicosapentenóico (EPA, C-20:5 ω-3) e o ácido docosahexenóico (DHA, C-22:6 ω-3) (SARGENT et al.,1989; KANAZAWA, 1993; WATANABE, 1993; REITAN et al., 1994; LAVENS; SORGELOOS, 1996; BARRETO; CAVALCANTI, 1997; HOFF; SNELL, 1999). Estes ácidos não são sintetizados pelas pós-larvas de peixes marinhos e possuem um importante papel na estrutura, função e manutenção das membranas celulares, resistência ao estresse, desenvolvimento e funcionamento adequado do sistema nervoso e visual das pós-larvas de peixes marinhos (MERCHIE, 1996).